domingo, 21 de março de 2010

02x23 - Soft Light (Luz Suave)

Direção: James A. Contner
Roteiro: Vince Gilligan

Resumo: Não oficialmente, Mulder e Scully são chamados para ajudar na solução de um caso onde as pessoas estão desaparecendo misteriosamente, deixando apenas um rastro de cinzas...



Comentários:

[Josi]
Primeiro: O que acontece com gente curiosa e temerária?
<--- Isto.




Segundo: Monk é fofo. Fato! Mas este Dr não...





Bom, este episódio está aqui pra provar que não é apenas o Mulder que tem amigos-malas... A Scully também tem a sua cota.

Ryan: "Ouvi muito falar de você." - Humm... nem fora do trabalho, Scully deixa de pensar em Mulder...
Mulder: "Nós conversamos depois." - falando para a Scully...
Morra de inveja, Det. Ryan!

Ryan: Você não acha que algo passaria por aí, não é?
Mulder: Nunca se sabe...




Pois é... a nossa Scully estava lentamente se abrindo à possibilidades extremas.

Eu teria cuidado com estas duas aí atrás se fosse o Mulder! Olha o jeito que estão olhando pra ele! kkkkkkkkkkkk (ok, estou um pouco influenciada pela Ariana... sorry... :-))


Mulder: Combustão Humana Espontânea.
Scully: Você está brincando não é? Isso não tem base científica.




[Abrindo parênteses]
Anos depois...
Scully: Combustão Humana Espontânea.
Mulder: Querido diário, hoje meu coração pula ao ouvir a agente Scully sugerir Combustão Humana Espontânea.
Ai... aquela carinha...
[Fechando parênteses]

Scully: "Este ano vou te dar de presente de aniversário um cinto de utilidades!"
Vocês veem esta foto e acham que eles estão pensando em quê? Pois é... eu também! kkkkkkkkkkkkkk


Bom, eu notei que a Scully estava um pouco mais retraída neste episódio... especialmente tolhida. Sei lá...

Fato é que se não fosse pelo Mulder atirar nas lâmpadas, a Scully também teria virado uma pocinha de luz e cinzas.

Enquanto a Scully se decepciona com a amiguinha, Mulder se decepciona de novo com o X... Eita, bichinho chato! E ainda deixou como herdeira aquela loira azeda... aff...

Mulder: "O fato dele ser paranoico não significa que o que ele fala seja mentira" - Pois é... veja o Mulder... ele não mente. rs

Mulder: "Oh, damn it!"
Sabem, podem me chamar de sádica e sem coração, mas eu adoro a forma como eles não dão tanta importância assim quando qualquer outra pessoa se acidenta ou morre, whatever... Se fosse um dos dois, a coisa ficaria muito feia! rsrs Ah... que gravata feia danada essa do Mulder!

Ok... não entendo nada disso de matérias negras e muito pouco disso da sombra dele ter se tornado tipo um buraco negro... mas a sombra-buraco-negro dele era seletiva? Só sugava matéria humana?

Este é o mesmo médico de... Sombras, acho... (irônico, não?)





Tadinho do Monk... acho que foi assim que ele adquiriu aquele transtorno obsessivo compulsivo dele... own...




[/Josi]



[Cleide] Scully é mesmo uma caixinha de surpresas... nesse episódio ela contraria Mulder, dizendo que não é possível combustão humana espontânea, mas na sexta temporada, ela vem com a ideia no episódio Trevor e diz que há casos bem documentados! Aff!

O "quero acreditar" dele ajuda muito...

Acho que é isso que faz toda diferença...não é esse o presente que Scully diz ter ganhado de Mulder na oitava temporada... algo como ter perdido o medo de acreditar? [/Cleide]

[Star] Gosto muito do tema desse episódio, essas questões que envolvem os rumos das físicas menos tradicionais. Desde o entendimento do quantum e de que a matéria não é tão sólida quanto imaginávamos, a ideia de partículas sub-atômicas difíceis de serem teorizadas - mas de uma existência possível - gera muitas hipóteses por aí... Se você estuda matéria negra (dark matter), nada como uma SOMBRA para tirar sua autonomia ou te transformar em um Deus (depende do ponto de vista).

Angustiante a cena do Monk tentando ficar longe da luz para não provocar a sombra e melhor ainda é o SUPER-MULDER sacando que o cara estava fugindo disso:

Mulder: "E se o Dr. Banton... olha aqui, não há sombras."
Scully: "O que você quer dizer?"
Mulder: "As luminosidade aqui é difusa. É luz suave. E se era isso que o Banton procurava?"
Scully: "Procurando por sua sombra?"

Yeahh!!! [/Star]

Mulder: "Você não põe seus interesses na frente do seu trabalho."- Adoro isso, o mulder não trata a scully diferente por ser mulher. Ele na verdade não trata ninguém diferente, como a scully disse em O VINGADOR ”mulder não tem preconceitos, nem pré-julgamentos” [Tessa]

Quotes:

Mulder: Espero que saiba o que faz ao colocar as ambições da detet. Ryan em primeiro lugar.





Scully: Ambições? Ela é uma mulher tentando sobreviver no clube do bolinha. Acredite, sei como ela se sente.
Mulder: Você não põe seus interesses na frente do seu trabalho. E isso é o que está acontecendo aqui.

Scully: Veja bem, não temos qualquer jurisdição aqui. Estávamos fazendo um favor.
Mulder: E acabamos de passar uma bomba atômica para os escoteiros.
Scully: Tenho certeza que irão tomar precauções.

Mulder: Garanto que Oppenheimer também ouviu o mesmo do governo que Banton teme tanto.
Scully: Você acredita nesta paranóia de estudo do cérebro?
Mulder: Aquele homem está com medo, e não é só de sua própria sombra.

Mais Imagens e Quotes de Soft Light:

Monk Dr. Chester Banton.

O estado a que os corpos são reduzidos...

Scully: Bem, talvez a exposição tenha afetado sua mente. Comportamentos repetitivos e sem sentido é um traço comum de doença mental.
Mulder: Você está tentando me dizer algo?

Mulder: Pare! Somos os agentes federais!
Dr. Banton: Isso vai te matar! Não importa quem você seja!

Mulder: Ele acredita que o governo quer pegá-lo.
Mr. X: É a temporada do imposto, todos os americanos acham o mesmo.

A chata Det. Ryan.

O triste final...

domingo, 14 de março de 2010

02x22 - F. Emasculatas (Emasculatas, O Vírus da Morte)

Direção: Rob Bowman
Roteiro: Chris Carter & Howard Gordon

Resumo: Dois condenados fogem de uma prisão federal e eles podem estar contaminados por um vírus mortal que dizimou a população carcerária em questão de horas. Enquanto Scully investiga o que aconteceu, Mulder vai atrás dos detentos. Os agentes acabam descobrindo que isto pode ser uma experiência controlada por uma grande companhia farmacêutica...



Comentários:

[Josi] Ok... vamos imaginar... você é um botânico e está no meio de uma mata fazendo uma pesquisa para uma farmácia. Note que você supostamente estudou sobre animais, insetos, whatever e sabe como alguns podem ser venenosos e até fatais. Ok. Então, ao passear sozinho pela floresta você encontra um animal morto, cheio de pústulas. Claro que o fato de urubus estarem se alimentando dele poderia diminuir o seu cuidado... mas... como você assiste House (kkkkk, abstraia o fato de House não passar nesse tempo), você sabe que o que é perigoso para um humano pode ser totalmente inofensivo para outras criaturas. Muito bem. Então o que você faz? Mete o dedo na pústula para ela estourar na sua cara? oi? Nem o Mulder...

Eu tenho pena do pessoal da prisão... o primeiro cara que recebeu o "presente" apenas por ter sido batizado com o mesmo nome do tonto da floresta... os demais presos da área (que eu ainda estou pensando em como se infectaram) e os dois carinhas que os FDP dos diretores mandaram limpar a cela do falecido sem nenhuma proteção mesmo sabendo dos riscos. (Notem que minha pena cresceu sensivelmente depois que eu vi Prison Break... ou não. *pensando* Acho que eu teria pena apenas de um preso em especial... ok, parei. :D)

Adoooro estes olhares deles! ai, ai...






E chega o xerifão... Pra quem ainda pensa que o Dogão tinha qualquer chance de chegar ao pó dos pés do Mulder, basta observar este cara... o perfil é o mesmo. Ele quer fazer as coisas sem pensar antes... e em pouco tempo quem era teoricamente comandado (Mulder) passou a comandar.

Scully: Aonde você vai, Mulder?
Mulder: Ficar no caminho. - Tirando onda porque o outro mandou eles ficarem fora do caminho... Ficar no caminho é o que Mulder faz de melhor!

Amo como a Scully chega botando moral e entrando com tudo lá dentro pedindo explicações. Claro que ela foi ajudada pelo fato do outro médico não estar muito de acordo com as práticas da empresa em que trabalhava, mas... enfim... a firmeza dela, fez o aquiescimento dele ser mais fácil...

Dra. Scully é outra sem juízo... não tem ideia do alcance da contaminação e vai mexer nos corpos apenas com um nadinha cobrindo o nariz e a boca... Quem dançou foi o outro médico, o dr Osbourne...

Mulder economizando o celular...






Eu realmente tenho pena deste carinha... Coitado! Nem sabe o que o atingiu...





Agora... imaginem o Mulder fazendo aquele teste que a Scully fez! Colocando o inseto para picá-la... (Eu já vi algo semelhante em House - com gente viva - e em Bones - com gente morta) Acho que ele morria de nojo antes!

Mulder fofo 1






Mulder fofo 2






Elizabeth: Você só está querendo me assustar.
Mulder: Eu estaria assustado. (Eu também...)



Tadinha da Scully... fica muito aliviada! Corre pra contar ao novo amiguinho companheiro de aflição, mas já o levaram... morto.



Mas Mulder estava particularmente cuidadoso com a Scully neste episódio... ao menos por duas vezes perguntou se ela estava bem lá dentro. Na primeira vez, a Scully mentiu pra que ele "não achasse que deveria protegê-la" e desviasse o foco e depois ela, com certeza aliviada, falou a verdade: realmente estava bem.

Perguntinha básica... Por que o pessoal da área do detendo, inclusive os faxineiros foram infectados e a Scully não? Bom, tudo bem... o pessoal pode ter pegado nos lençóis e depois não lavado a mão, ok... mas é que a área toda de onde o primeiro foi infectado também ficou doente. E eu não imaginei como os outros presos poderiam ter sido expostos.

Continuando... Mulder entra no ônibus querendo ser discreto, até que ele pergunta ao motorista onde está quem ele procura e a criatura tem a divina ideia de levantar e apontar pro cara! affffffffffffff


Sério! Este episódio é muuuuuito nojento! Ugh!





Ele ainda consegue convencer o cara, mas alguém achou que uma pessoa com a arma abaixada e sem reféns na frente de um agente armado era perigoso o bastante pra levar uma bala na cara! Não é por nada não, mas a bala deve ter estourado a "eca"...

Bom, ao ter conhecimento da natureza dos testes da indústria farmacêutica, Mulder vai direto ao Skinner pedir explicações, fica irado ao ouvir que tudo seria feito por baixo dos panos novamente e sai irritado dizendo que vai espalhar pra Deus e o mundo... mas, ao receber uma ligação da Scully e ouvi-la falando basicamente o mesmo, ele aceita a realidade.

E o episódio termina com o Mulder e a Scully descobrindo que foram novamente usados, que não têm nada para corroborar o que descobriram e que não podiam sequer riscar a reputação da tal empresa. Frustrante é pouco... é... eu sei... isso é AX. rsrs [/Josi]

[Daniela] Este um dos episódios em que Mulder e Scully ficam separados até o final. Sempre que isto acentece, a Scully sempre passa por momentos ruins... é nestas horas em que me surpreendo com a força de Scully e este episódio é bom exemplo disto quando ela quase pensa que pode estar infectada com aquele vírus...^^!!!!! Pra não afligir o seu parceiro ela nem conta a ele o drama que esta passando!!!

Adorei as cenas em que o Mulder fica tirando toda hora aquele agente estilo "US Marshal's- Os Federais" todo arrogante e metido...hihihi^^!!!! [/Daniela]

[Starbuck] Eu adorei o filme EPIDEMIA e acho que esse episódio teve até uma premissa melhor do que esse filme... Foi consistente, bem real e extremamente angustiante. A cena do homem com a cara toda detonada de mucos e segurando o menino é muito boa... E adoro como o grand Skim traz o Mulder para o mundo real, ainda que eu adore o Mulder e sua obsessão quase infantil pela verdade e, especialmente, de torná-la visível a todos (o que é, claro, uma doce utopia).

Então, eis a frase do careca: "Você vai provar esta conspiração com um pacote vazio e um inseto morto? (tadinho do narigudo, sempre roubam os brinquedinhos dele)

"Por que o pessoal da área do detendo, inclusive os faxineiros foram infectados e a Scully não? " by josi.A-INQUISIDORA

Primeiro, como bem disse a Yayá.Perv... porque ela é a Scully (isso já devia parar qualquer questionamento). Mas.... porque, pelo que eu me lembre, por mais que ela tenha tido um comportamente de risco (ela sempre tem... mas, a GA estava se tornando Sexy Symbol e não podiam cobri-la nos episódios, por causa da audiência, daí a redução do uso de máscaras e similares)... ela não teve contato direto com a coisa ou com algo que a coisa atingiu... Os outros sim...

e... EU AMO ESSE EPISÓDIO... amo a cena do troço pulsando no rosto do cara... é quase... (disse quase, pois nada chega perto do cara vomitando o verme em HOST) UM CLÁSSICO. [/Starbuck]

Quotes:

Skinner: Eu reconsideraria seriamente levar isso à mídia, se essa é sua intenção.
Mulder: O público tem o direito de saber para que não aconteça novamente.
Skinner: E você vai provar isso com uma conspiração elaborada, uma embalagem vazia e um inseto morto? Deixe isso pra lá, Agente Mulder. A epidemia foi contida.

Mulder: Dezoito pessoas estão mortas e, se você está ajudando a encobrir a verdade por trás dessas mortes, então você é tão culpado quanto eles.
Skinner: Você realmente não sabe com quem você está lidando, não é?
Mulder: Eu pensei que estava lidando com você.

Scully: Nós não podemos provar nada, Mulder. Eles se precaveram disso.
Mulder: Do que você está falando?
Scully: O governo da Costa Rica me enviou por fax o relatório sobre o cientista desaparecido. Seu nome é Robert Torrence, o mesmo que o nosso prisioneiro. Esta era a saída deles se o caso chegasse a isso, por a culpa em um simples erro postal. Um engano.

Mulder: É por isso que nos foi dada esta missão, certo? Eles sabiam o tempo todo ... de modo que, mesmo que conseguíssemos encontrar a verdade, nós estaríamos desacreditados como parte disso. Estou certo? Estou certo?!
Skinner: Você nunca teve uma chance, Agente Mulder. Para cada passo que você dá, eles estão três passos à frente.

Mulder: Bem, e quanto a você, onde você fica?
Skinner: Eu estou justamente sobre a linha que você sempre atravessa.
Scully: Venha, vamos embora.


Outras Imagens de F. Emasculatas:

Faciphaga Emasculatas. O dito cujo que dá nome ao episódio...

Que fumacinha irritante!

Argh!

sábado, 6 de março de 2010

Não estamos mais sozinhos

I

Naquela noite de inverno ela pensou ter visto Deus. Ele lhe sorria através do fogo que ardia na lareira. Pela primeira vez sentiu medo. Temia sua fé. Temia acreditar. Não entendia porque algumas verdades eram-lhe sempre reveladas. Nunca quis explicações para os milagres que via todas as manhãs, nem para as sombras que a perseguiam à noite. Queria ser ingênua como as outras crianças, mas começou a questionar demais... Até que um dia, o Deus que a observava através da lareira se foi. Os milagres que a acompanhavam em cada amanhecer cessaram e as sombras que a ajudavam a adormecer se perderam na noite. A menina que se inundava de fé ficou cética. Pensava constantemente na verdade que nunca esteve lá fora, e sim dentro da sua mente – adormecida – perdida nas equações e fórmulas que a protegiam do mistério e do céu.

Numa tarde de verão, o menino magricela que voava com a bola em direção a cesta – caiu. Sentiu uma dor terrível. Sua mãe disse que logo passaria, mas ele não acreditava em previsões, confiava mais na médica que o atendeu no hospital e que o ajudou a combater a dor. À noite, sempre tinha que dividir a velha TV com sua irmã. Ela tinha oito anos, mas já conseguia ser insuportável. Aos domingos, era obrigado a vestir o terno azul escuro e acompanhar os pais até a sinagoga. Nunca teve fé, acreditava apenas no que via, na dor que ele odiava sentir, no medo que tinha quando seu pai se aproximava, na fumaça sufocante daquele homem estranho que os visitava. Um dia, enquanto jogava estratégia com sua irmã, uma luz incidiu na sala. Havia uma força tão profunda que fez todo o ambiente tremer. Seus pais haviam saído. Precisava proteger sua irmã. Sabia que tinha uma arma na gaveta. Num sobressalto chegou até lá e a pegou. Mesmo com a arma na mão não fez nada. Ficou encantado com a luz que vinha do céu e inundava a casa. Viu uma figura esguia e pequena se aproximar e, logo após, sua irmã flutuava para a noite, ia em direção a luz. Ele, que até então não acreditava em nada, passou a ser conhecido por todos, inclusive por seus pais, como “o estranho”, o menino que acreditava em homenzinhos verdes (que, afinal, nem eram verdes). Sabia que o homem do cigarro não duvidaria dele, mas depois daquela noite tal homem nunca mais apareceu. Quando olhava para o céu pensava no quanto estaria feliz se eles o tivessem levado. Vivia à espera do retorno deles, pensava que assim teria sua irmã de volta. Ele – o menino sem fé – queria acreditar. Precisava acreditar que a verdade estava lá fora, senão morreria.

II

Às vezes, ela tentava entender quais foram as verdadeiras razões que a fizeram entrar para o FBI. Quando, ainda na infância, um animal pequeno e repugnante morreu em suas mãos, começou a visualizar o limite que a separava do fim. Pensar na morte sempre lhe pareceu uma tortura, pois temia a escuridão. Então, numa manhã de domingo, decidiu ser médica (eis o paradoxo). Precisava conviver com o fim para suportá-lo. O corpo humano foi se tornando um livro, onde cada parte era minuciosamente estudada e catalogada. Poderia dizer os nomes e as funções de cada pedaço daquela complexa estrutura e, quanto mais conhecimento obtinha desses pedaços de carne, menos entendia as particularidades dos relacionamentos. A companhia dos seres inanimados da sala de anatomia não provocava dor, nem perda. Mesmo com poucos (ou nenhum) amigos, sentia que tinha uma vida normal, bem diferente do rapaz que, às vezes, via nos corredores do prédio Edgar Hoover. Ele nunca a viu. Estava sempre procurando algo. O olhar infantil escondia dor e medo, mas incidia paixão e vida. Era conhecido como “o estranho”, ficava horas olhando para o céu ou ouvindo ruídos de uma fita mal gravada – na ilusão de encontrar vida inteligente no espaço de absurdos que o cercava. Sempre teve vontade de se aproximar do “estranho”, mas não ousava. Sua busca sem sentido assustava-a, talvez porque se sentia obrigada a questionar os limites da ciência que a protegia dos fantasmas e dos milagres que a perseguiram na infância.

Quando terminou a faculdade de Psicologia e ingressou no FBI buscava entender o ser humano num contexto mais amplo, não a máquina biológica dissecada nos laboratórios de medicina. Era a complexidade emocional e a obscuridade de certas motivações que o fascinavam. Era perito em análise do comportamento, assim tornou-se o melhor agente na área. Teria uma carreira brilhante se continuasse a olhar para a terra, mas sabia que não suportaria, seus olhos tinham necessidade do céu. Era lá que buscava as explicações para os absurdos que o cercavam desde os doze anos. Um dia, revirando velhas pastas no porão do FBI descobriu uma série de arquivos sobre casos inexplicáveis, esquecidos em meio à poeira e à escuridão. Levou-os ao seu superior e, devido a sua insistência, foi designado para ordená-los e estudá-los para uso futuro. Desde então, todos os casos que investigava tinham uma conotação sobrenatural, evasiva, quase mágica. Ele, que tinha necessidade de olhar para o céu, ficou só num porão escuro, envolto por papéis que lhes sussurravam verdades que ele queria acreditar.

III

A noite não parecia ter fim. Durante todo o dia ouvira boatos sobre sua mudança de departamento, faria uma possível parceria com “o estranho”. Tentava imaginar o que poderia fazer ao lado daquele homem excêntrico, que não seguia regras, nem admitia enxergar a verdade através da ciência. Já sabia da sua incrível inteligência e capacidade inegável de lidar com criminosos, de invadir suas mentes doentias. Até que ponto ele ficou imune a toda essa loucura? Qual seria o limite entre o aceitável e o absurdo? Estava segura no mundo frio que havia criado. Entre pedaços de gente sem memória, sentimentos e indagações, podia continuar fingindo que tinha esquecido o medo e a escuridão. Agora tinha diante de si os olhos infantis que procuravam verdades bizarras, pela primeira vez não encontrou o sono, ficou acordada admirando o escuro que antes a assustava. No dia seguinte, quando abriu a porta da sala que ficava no porão do FBI, entendeu...

Sentado no sofá do seu apartamento mal iluminado, pensava numa forma de convencer seus superiores sobre a falta de necessidade de lhe darem um parceiro. Não precisava de alguém vigiando seus passos, ou ridicularizando suas teorias. Sempre esteve bem – só e na escuridão. Ter que explicar o redemoinho de indagações que invadem sua mente a cada novo caso seria maçante e constrangedor. Havia lido a ficha de sua futura parceira. Era uma jovem médica, com especialização em Ciências. Uma verdadeira enciclopédia, uma agente brilhante e correta. De tudo o que leu, sabia que a moça de olhos azuis e rosto sério andava numa fina linha com tamanha precisão que dificilmente aceitaria suas idéias pouco convencionais. Algo na face compenetrada que viu uma vez nos corredores do FBI o intrigou. De certa forma, pareceu-lhe familiar. Por um tempo ficou ao longe, observando-a. Aquela contemplação silenciosa lhe dava uma sensação de paz. Na manhã seguinte, quando a porta dos menos procurados pelo FBI se abriu, ele entendeu...

não estava(m) mais sozinho(s)





Star (de uma época mais inocente e mais leve).

18 anos...

Há exatamente 18 anos atrás, Mulder e Scully se viam pela primeira vez...



Mulder: Quantas vidas diferentes teríamos levado se tivéssemos feito escolhas diferentes... Nós ... Nós não sabemos.
Scully: E se houvesse apenas uma escolha e todos as outras estivessem erradas? E houvessem sinais ao longo do caminho para nos avisar...
Mulder: Mmm. E todas as ... escolhas, então, nos levariam a esse mesmo momento. Um caminho errado, e... nós não estaríamos sentados aqui, juntos. Bem, isso diz muito. Isso diz muito, muito, muito... Isso é provavelmente mais do que podemos entender a esta hora da noite...


E se esse encontro não tivesse acontecido?





Scully...

Não perceberia o verdadeiro valor de um trabalho em equipe ao ganhar um Chaveiro Apollo 11...

Não chegaria a beira da morte apenas para ser salva por um implante alienígena na nuca...

Nem teria estado presente em uma verdadeira chuva de sapos...

Jamais saberia que era ou poderia ser imortal...

Nunca teria feito uma tatuagem tão significativa...

Não saberia o quanto o beisebol pode ser um esporte interessante...

Não teria aprendido a duvidar das verdades provadas e consolidadas...





Mulder...

Não teria usado um crucifixo no pescoço...

Não saberia o que é gostar tanto de alguém à ponto de desistir até mesmo do que ele pensava ser o centro da sua vida...

Nunca descobriria como a ciência poderia positivar e fortalecer suas teorias...

Nem teria para quem repassar a linda [really?!] boneca de família...

Não teria se emocionado de forma tão pessoal com o milagre de uma nova vida...

Nem voltado da morte quando todos já o tinham enterrado...

Não teria aprendido a duvidar das verdades fáceis e óbvias...




Ambos...


Não saberiam como é quase morrer para se salvar... ou salvar ao outro...

Não teriam conhecido Daryl Musashi... e vencido um video game assassino...

Nunca entrariam numa casa mal assombrada em pleno Natal...

Nem virariam personagem de cinema...

Ou conhecido um gênio dos 3 desejos...

Não teriam William...

Nem conhecido o verdadeiro amor...

...e fugido com ele para bem longe da escuridão.



Mulder: Eu não tenho certeza se funciona dessa maneira.
Eu acho que talvez a escuridão encontre você... e eu.
Scully: Eu sei que ela encontra.
Mulder: Mas deixa ela tentar...



E nós...

Nós não teríamos nos conhecido, nos tornado amigos... nem estaríamos aqui juntos... e isso diz muito, muito, muito...


PS: Obrigada especial a Nay pelas sugestões. ;-)