Washington, DC. 1996.
Que ano intenso aquele… Scully estava realmente muito cansada. Que dia estressante! Tudo o que ela desejava ao entrar em seu apartamento e acender as luzes era em um banho bem longo e relaxante. Fechou a porta, pôs a arma em cima na mesa da sala e sentou-se no sofá tirando os sapatos de seus pés doloridos, colocando-os para cima, para aliviá-los. Lembrou-se de repente do cartão que ganhara mais cedo do agente Pendrell, uma lembrancinha de dia dos namorados. Procurou em seus bolsos por ele, mas percebeu que o esquecera em sua escrivaninha no FBI. Ela era mesmo uma negação com estas datas…pensou enquanto mergulhava numa perspectiva instântanea dos acontecimentos dos últimos meses.
Por um momento lembrou-se da irmã, ela sempre ligava perguntando do seu encontro de dia dos namorados… Pensar na sua irmã era profundamente doloroso, agora que ela estava morta, assassinada em seu lugar, em mais um caso intrincado dos Arquivos X. Isto tornava a data ironicamente mais solitária. Ela costumava fingir irritação com as ligações de Melissa, mas no fundo era divertido vê-la brincar com seu status amoroso. Depois de conhecer Mulder, entretanto, sua irmã insistia, teimosamente, em apontá-lo como seu possível par. A imaginação de Melissa chegava aos limites do absurdo… via sempre sentimentos além do que existia com sua maneira intuitiva de ver a vida e o mundo.
Scully lembrou-se que, de uma forma até mesmo profética, sua irmã fora a única da família a apoiar sua ida para o FBI, alegando que ela não sabia “quem conheceria quando entrasse lá, e como isto mudaria sua vida”... Fato é que algo acontecera durante seu coma, e lhe fugia à consciência, que atiçou a imaginação de Melissa ainda mais, convencendo-a que esta pessoa pressentida fosse seu parceiro, Fox Mulder, e que ele teria um papel que iria além de uma simples amizade. “Como se houvesse alguma coisa de simples na minha amizade com Mulder…”
De onde Melissa tirava essas coisas? Era verdade que ela e Mulder eram muito ligados, ele estava o mais próximo que a maioria dos homens jamais conseguiam chegar na vida dela nos últimos anos, mas era a natureza do trabalho deles que os obrigavam a isso, não é? Precisavam confiar sua vida um ao outro todos os dias, afinal eram parceiros, é disso que se tratava o seu trabalho, mais que isto, sua sobrevivência. Scully conhecera poucos homens tão admiráveis, leais, obstinados… ultimamente ela chegou a ver o quão longe ele poderia ir para solucionar um caso, o que a assustou mais do que esperava. Ela não gostava quando ele fazia aquilo, aliás, quando ele se afastava dela por um caso. E ela não conseguia dizer o que era pior: quando ele se afastava emocionalmente ou fisicamente. Ambos eram assustadores.
Ela admitia que passou dos limites na proteção para com o parceiro nos últimos casos, um envolvendo aquela mulher chamada “Bambi” (que tipo de gente coloca este tipo de nome nos filhos?) e a Detetive White (nem virgem, tampouco loira!). Mas ela tinha boas razões para justificar seu comportamento nestes casos! No primeiro, foi Mulder quem a tirou de seu sossegado fim de semana e quase a matou de preocupação ao deixá-la sem notícias enquanto estava na iminência de ser devorado por baratas assassinas. Sua raiva dirigida à cientista devia-se mais a sua incompetência em ajudar o seu parceiro a resolver a situação, tendo que fazê-la deslocar-se de tanta distância para salvar os dois… o que seria deles se ela não chegasse à tempo?
Já no caso que envolvia a detetive, pesava o fato de que Mulder resolveu, sem comunicá-la, trabalhar sem sua parceria e incomodar-se (muito mais do que necessário) com sua postura sempre lógica sobre os casos, será que nunca se acostumaria com o jeito dela? Pegá-lo em flagrante na sua cama de hotel com a detetive foi apenas um estranho agravante, que ele jurava ser um mal entendido… um estranho mal entendido…
Mas, se era assim, por que estas lembranças ainda a irritavam e lhe causavam um frio no estômago? Seria bom mesmo que ela revisasse seu comportamento, pois se Melissa a visse agora, estaria dizendo “Não é que tenho razão?”
By Cleide.
***
Mulder entrou em seu escritório tarde da noite e sentou-se pensando no que faria exatamente… Alguma pesquisa sobre algum fenômeno sobrenatural descrito em um Arquivo X? Vasculhar por detalhes estranhos em jornais e revistas de baixa credibilidade? Revisar artigos sobre estudos de vida alienígena? Ver um filme qualquer de sua coleção não estava totalmente descartado ainda. Afinal, teoricamente ele estava em seu horário de folga, oras.
Enquanto ele pesava suas opções, ele notou um detalhe vermelho vivo em cima de sua mesa e se endireitou na cadeira para saber o que era aquele corpo estranho ali em meio a seus papéis. Ele sorriu de leve ao notar o que era… “Será que eu tenho um admiradora?” Apanhou o cartão onde se lia apenas um simples...
“De: Ag Pendrell
Para: Ag Scully”.
Humm… Que escolha interessante de palavras… Será eu ele tem um nome estranho como o meu? Mulder riu de leve. Mas quem diria… ele não sabia que o jovem agente teria coragem o suficiente para tomar uma atitude como aquela. Ele colocou o cartão cheio de detalhes cliché de volta onde o encontrou sem abri-lo. Será que Scully já o tinha visto ali? Ela bem que merecia alguma coisa assim para adoçar um pouco sua vida naquele momento.
Aquele último caso… Ele suspirou. Dizer que ele mesmo tinha ficado assustado e frustrado era pouco. Além da resolução pouco convincente do assassinato da irmã de Scully, ainda havia aquela suspeita sobre sua saúde estar comprometida.
Parou um pouco tentando pensar se Pendrell tinha alguma chance e ficou surpreso ao concluir que ele não tinha certeza. Interessante o fato de que ele não sabia o suficiente da vida pessoal de sua parceira pra conseguir analisar sua resposta a algo do tipo. Eles eram tão íntimos um do outro intelectualmente. Ele poderia listar todas as qualidades e defeitos dela e do que ela era capaz ou não. Tinha consciência de seu conhecimento técnico e de seus limites éticos. Mas ele não conseguiria dizer que tipo de homem a atraía. Eles simplesmente não conversavam sobre esse tipo de coisa.
Pendrell parecia ser um bom rapaz, sem complicações… poderia ser o começo de algo novo na vida de Scully e ele ficaria feliz por ela. Levantando-se, Mulder optou por fazer uma pesquisa profunda sobre as descobertas que fizeram no último caso e assim afastar os pensamentos de solidão que tomaram conta de sua mente.
By Josi.
5 comentários:
Adorando tudoooooo!! Parabéns meninas vcs sao de mais.
to amando, realmente parece mto com os atos e personalidades deles....ansiosa pra saber se o Padget vai ser sitado kkkkkk
JuHh, algo me diz que não dá pra não citar Padget... ele é um divisor de águas... não é mesmo?
Que bom que você acha que estamos captando os atos e personalidades deles, por quê escrever é bem difícil... :)
Milene, obrigada pela força, daqui a pouco tem outra!
Bjs!
Own meninas tá tão Eles,é muito bom acompanhar aquele jeito lento e muito lento que os dois foram levando o relacionamento.
Continuem...
bjs...Yanne
Que bom que vcs gostaram, meninas (e meninos que podem estar lendo tb. ;))!
E, sim... muita loucura essa nossa de nos jogarmos nesse projeto. kkkkk que bom que deu certo!
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