sexta-feira, 13 de junho de 2014

Crônicas de dia dos Namorados - Parte VII

Massachusetts.2000.

Scully ficou surpresa quando Mulder a convidou para um fim de semana “romântico” em Cape Cod... bem, a idéia de romance dele não era muito convencional, mas devia admitir que até agora fizera um bom trabalho. Ao contrário dos motéis baratos em beira de estrada onde eles se hospedavam a trabalho, ele reservou – para sua surpresa  – um belo chalé com vista para o mar. Caminhavam em paz no entardecer e pretendiam encerrar o passeio com um jantar especial de frutos do mar perto do solitário farol.

Na bela cidade, vizinha da região onde ele cresceu, eles podiam fazer longas caminhadas por praias desertas, assistir ao pôr do sol silenciosamente, visitar museus quase vazios, sem que ninguém se importasse que eles fossem um casal... Agora eles eram um casal, como poderia imaginar uma coisa desta há alguns anos?

Ultimamente sempre se lembrava do tom profético que Melissa gostava de utilizar quando o assunto era Mulder.  Sim,  ela ainda o chamava de “Mulder”, para ela era mais íntimo que Fox... Contudo, apesar dos meses felizes – quem diria – que eles estavam passando, esta alegria precisava ser guardada só pra eles, disto muitas vezes dependia  a sua segurança e de quem estava próximo.

É fato que relutaram por muito tempo, e “dançaram” em torno desta verdade, mas é necessário compreender que não é fácil sustentar um relacionamento afetivo em uma atividade de risco como a deles. Mas também chegou o momento de admitir, que amor não se escolhe, acontece, às vezes – muitas vezes – nos lugares mais improváveis, até inconvenientes.

Como eles se demoravam a admitir, a vida seguiu seu rumo e mostrou que certas verdades não ficam escondidas para sempre, e neste caso, o seu mensageiro foi o misterioso escritor Padget: “Em meu livro escrevi que agente Scully se apaixonava, o que é obviamente impossível, por que a agente Scully já está apaixonada”... o que ela podia dizer depois disto? Existem alguns momentos cruciais na vida da gente, em que uma linha é traçada e não se pode mais voltar atrás... foi assim quando ela cruzou aquela porta no porão do FBI, foi assim quando Padget proferiu estas palavras inexoráveis.

Ela tinha que confessar, que fazia tempo que não se sentia tão bem! Apesar de todas as perdas, da impossibilidade de vir a ser mãe e dos acontecimentos recentes com Mulder – o suicídio de sua mãe e a descoberta de toda verdade sobre Samantha. Dizer e ouvir a verdade sobre os sentimentos que dividiam, trouxe uma leveza , alegria  e intimidade que ela não pensava ser possível na vida, no trabalho dos dois, e este dia dos namorados, singelo, tranquilo e especial, era a prova incontestável disto... podia dizer que se sentia plenamente feliz naquele exato momento, vendo o sol se por no mar…

By Cleide.

***

Era madrugada e apenas uma luz fraca que vinha da janela iluminava o quarto. Eles estavam deitados assim fazia algum tempo, com ele a abraçando por trás... o suor secando em suas peles...

Houve um tempo em que Mulder achava que seria estranho entrar em um novo nível de intimidade com sua Scully. No entanto, havia sido tudo tão... natural. Talvez pelo fato de que eles já eram tão íntimos intelectualmente e nunca tiveram realmente problemas em invadirem o espaço pessoal um do outro. Na verdade, agora eles se sentiam mais livres um com o outro e tudo parecia mais leve, inclusive o trabalho.

Claro que eles ainda tinham momentos muito tensos. Ao contrário do que diz a imensa maioria dos filmes de romance, começar um relacionamento amoroso não transformava sua vida magicamente, apenas adocicava alguns momentos. E ajudava que ele estava estranhamente em paz. Cerca de 25 anos depois, Mulder finalmente tinha encontrado sua irmã. Não foi a forma como ele sonhou, mas ao menos ele sabia que Samantha não estava sendo torturada ou usada em experimentos alienígenas... A nuvem que pairava em sua mente mesmo era o que tinha acontecido com sua mãe, o que ainda lhe causava uma dor imensa, mas não havia nada o que fazer além de aceitar e deixar o tempo fechar a ferida… e era o que ele estava tentando fazer.

Ele suspirou. Apesar dos pesares, a vida estava sendo boa para ele pela primeira vez em muitos anos. Melhor aproveitar enquanto durava... e ele faria de tudo para que durasse e para que a mulher em seus braços continuasse segura. Ele sorriu pensando que esse trabalho não era tão difícil assim quando ela sabia se defender muito bem e ainda o tirava de encrencas continuamente.

Seus divagações foram interrompidas com um tapa leve no seu braço.

"Se aquiete. Não consigo dormir assim!" Scully falou fingindo irritação.
"As suas melhores noites são comigo, agente, confesse" Ele falou enquanto a apertava mais firmemente.
"Não por que eu durmo melhor" Ela respondeu com uma risada. Mulder riu junto e a beijou no pescoço.
"No que você está pensando?"
"No de sempre... nos limites do universo, no último jogo dos Knicks, como eu consegui enrolar minha bela parceira a ir para a cama comigo..."
"humm... Então estou apenas sendo enrolada?" Ela falou virando um pouco para olhá-lo, levantando as sobrancelhas.
"uhum..."
"Todo esse tempo?"
"Eu não antecipei que você seria tão viciante..."
"Ok." Ela falou com outra risada.

Ficaram calados por alguns instantes. Ele continuava com o queixo apoiado no ombro dela e ela se ocupava acariciando o braço dele, ambos perdidos em seus próprios pensamentos até que ela se mexeu para vê-lo melhor. 

"Foi bom tirar esse tempinho de folga, não é?" Ela falou, passando a mão nos cabelos dele e o olhando com uma expressão doce.

"É bom passar mais tempo com você sem ter que fingir que nada mudou..." Ele respondeu com sinceridade. Haviam combinado que fariam de tudo para que o relacionamento deles não fosse descoberto no FBI. Tudo bem que eles estavam na boca do povo desde... muito tempo, mas eles não podiam assumir nada sem que a credibilidade do trabalho deles fosse questionada. E ambos sabiam que eles só queriam uma pequena desculpa para derrubar os Arquivos X novamente.

"O importante é que estamos juntos" Ela falou com aquele sorriso que era reservado apenas para quando ela abaixava todas as suas defesas e levantou um pouco para beijá-lo de leve nos lábios. Ela afastou-se um pouco, mas ele a seguiu e aprofundou o contato. Eles já estavam a meses juntos, mas ele nunca se cansava de beijá-la. Era sempre tão raro que eles tivessem aquela oportunidade...

Mulder separou os lábios dos delas apenas alguns milímetros e sussurou "Graças ao Padget". Ela gemeu com desgosto, escondendo o rosto no pescoço dele e ele ouviu um "estraga prazeres" abafado. Ele riu com ela um pouco, mas ficou sério de repente...

"Eu amo você, Scully" Ele falou devagar, se afastando para olhá-la nos olhos.
"Eu também amo você. E Mulder? Nós eventualmente encontraríamos o caminho um para o outro. Com ou sem Padget." Ela afirmou categoricamente e ele sabia que aquilo era verdade. Ela o beijou de novo e virou-se na cama o puxando com ela, voltando à posição que estavam antes.

Alguns momentos depois, ambos dormiam... embalados pela certeza de que o outro estava seguro em seus braços.

By Josi.

4 comentários:

Girassol disse...

Own , realmente O Padget foi um divisor , mto bom o trabalho de vcs meninas Parabéns !!!

Anônimo disse...

Não tinha como não lembrar do papel de Padget na história dos dois, não é Girassol?
Obrigada pela visita!

paula disse...

Paula

ótimos posts. Realmente fico relembrando todas as temporadas da melhor série que já assisti. Pela complexidade da linguagem de Chris Carter a série é inconfundível além dos ótimos personagens.
É pena que talvez nunca mais veremos outro trabalho com eles, como um provável 3º filme.

Josilene disse...

Verdade, Paula... Assim, eu ainda mantenho uma esperança bem fraquinha, mas a probabilidade deles fazerem outro filme é baixa... ainda mais com chris com tantos projetos novos...

Aliás, sucesso pra ele pq ele merece. :)

Beijos e obrigada!