segunda-feira, 16 de junho de 2014

Crônicas de dia dos namorados - Parte IX

Lugar desconhecido. 2002.

Mulder olhava para a sua xícara de café sem realmente vê-la. Seus pensamentos estavam muito longe do pequeno restaurante onde ele se encontrava no momento. Sua mente estava inteira em Scully e seu filho. Onde eles estavam e o que estariam fazendo naquele momento? William era ainda tão pequeno... tão injusto ele já estar passando por tantos problemas. Tudo o que ele mais queria era estar com eles.

Durante muito tempo, aquilo era tudo o que Scully e ele tiveram: um ao outro. Mesmo quando eles lhes tiravam os Arquivos X, Mulder poderia dizer que ele ainda tinha a sua parceira ao seu lado. Ele sabia que havia tomado a decisão correta, mas isso não diminuia sua dor; muito menos os poucos emails que conseguiram trocar. A última tentativa de contato que tiveram foi naquela estação de trem, onde tudo havia dado errado. Ele havia recebido a resposta carinhosa dela, mas não tinha tido coragem de arriscar mandar algo de volta.

Seu sentimento não mudou em nada. Ele queria voltar pra casa. Para Scully, para William. Mas os acontecimentos apenas contribuíam para piorar sua situação. Ele não poderia deixar que o seu egoísmo, sua solidão colocassem a todos eles em perigo.

Suspirando, ele passou a mão no rosto e olhou ao seu redor. Foi quando notou um jovem casal numa mesa de canto. Eles estavam comemorando alguma coisa... "Oh"

Era dia dos namorados? Já? Sim... já fazia mais de um mês que ele mandou aquela mensagem para Scully. Lembrou-se daquele dia a dois anos atrás que passaram juntos em Cape Cod. Parecia uma outra vida. Tanto havia se passado desde então...

O ideal era que estivessem todos juntos. Desta vez, poderiam sair e jantar em algum lugar bonito, passear depois com seu bebê, trocar presentes bem humorados... Infelizmente, nada daquilo era possível. Ele tinha que se concentrar naquilo e aumentar seus esforços para encontrar uma saída para as ameaças que os mantinham separados.

Pensou em Scully, sozinha com William... não, ela não estava exatamente sozinha. Ela tinha Doggett e Mônica... e os Pistoleiros... e Skinner. Aquilo o consolava: saber que eles tinham pessoas em que podiam confiar naquele momento difícil.

Uma ideia lhe ocorreu de repente. Ah, sim... havia algo que ele podia fazer. Ele já tinha terminado o que tinha ido fazer naquela cidade mesmo. Bastava que ele viajasse um pouco para um lado, mandasse sua mensagem e voltasse pelo outro lado e ele poderia fazer uma pequena surpresa para Scully.

"Ah, Scully..." Ele sorriu, saindo do restaurante imediatamente para que tudo desse certo. Imaginar o sorriso dela ao receber sua pequena surpresa o deixou um pouco mais feliz. Eles podiam não estar fisicamente juntos e ele podia não ter mais o seu trabalho, mas ainda estavam vivos e ainda tinham um ao outro. Ainda havia esperança.

By Josi.


***

Washington, DC. 2002.

Tinha acabado de amamentar William e ele dormia tranquilo em seus braços, em paz, feliz… simplesmente satisfeito! Como se nada mais houvesse no mundo, como se eles dois ali bastassem. Scully ainda não se acostumara a esta realidade. Para ser honesta, cada vez que olhava para seu filho, pensava no quão milagrosa era aquela criaturinha que carregava nos braços e em todos os acontecimentos que a levaram até ali… os Arquivos X, seu sequestro, quase morte por câncer como uma queima de arquivo, sua sobrevivência tão misteriosa e quase miraculosa também, descobrir que era estéril… e ainda saber para qual fim seus óvulos roubados estavam servindo, conhecer Emily e não poder adotá-la, tampouco salvá-la.

Scully tinha derramado tantas lágrimas, tantas noites chorou sozinha até dormir pensando que estava fadada, por tudo que fizeram com ela, à tristeza de não poder ser mãe. E então a vida quase lhe nocauteia com um acontecimento destes: estava grávida - e Mulder desaparecido, pior, abduzido… se um sequestro já era dramático, o quão pior era ter sido levado pelo desconhecido, sem muitas possibilidades de sequer por onde começar a procurar. Ela lembrava o quanto se sentiu impotente naqueles primeiros meses de sua gravidez. Agora, contemplando o rosto do amado filho, percebia o quanto ele parecia com Mulder, como tinham a mesma maneira de olhá-la, como isto era possível? Quando ele a olhava assim a saudade doía mais fundo. 

Infelizmente, ela não se acostumava com esta realidade tão dolorosa. Quase o perdeu há menos de um ano, passou pelo pesadelo de participar de seu funeral, de uma maneira inimaginável conseguiu salvá-lo de se tornar uma réplica alienígena, mas agora, estavam separados pela força dos acontecimentos. Era muito perigoso, nunca fora tão perigoso… mas seria seguro para ela e o seu filho? Ela seria capaz de prosseguir protegendo-o sem Mulder? Só sabia que sua vida, olhando para trás, parecia uma coleção de momentos tristes salpicados com algumas alegrias muito profundas e emoções inexplicáveis que lhe davam a sensação nostálgica de que, se fosse preciso, faria tudo de novo!

Com muita tristeza uma música romântica no rádio a lembrou que era dia dos namorados… onde ele estaria? Será que algum dia nesta vida, ainda poderiam compartilhar os três a alegria de comemorar juntos o dia do amor? Uma lágrima solitária escorreu de seus olhos, caindo no rostinho tranquilo do bebê, ela levantou-se e foi colocá-lo no berço… com William devidamente acomodado, escutou que alguém batia na porta. Ao abri-la, ficou surpresa: era um entregador de pizza - “Eu não pedi pizza” - “O senhor que fez o pedido, disse que a senhora desejava sim uma pizza, ah, ele disse que você irá pagar”. Irritada e cansada, querendo se livrar logo da chateação, Scully pagou a pizza, pegou a entrega e fechou a porta.

Curiosamente a caixa estava mais leve do que deveria... ao abrir, o inesperado, uma única rosa vermelha e um pequeno bilhete: “Gostaria de estar com você e William no dia dos namorados, te amo!” 

By Cleide.


4 comentários:

Anônimo disse...

Meninas vcs estão inspiradíssimas!!!!!!!!! Parabéns pelo belo trabalho!!!!!!! Ai que saudades!!! Arquivo X é único.

Anônimo disse...

quando vcs vao continuar com a analise dos episodios??? to morrendo de ansiedade!!!

Anônimo disse...

Mês que vem retomamos às análises dos episódios! Também não vemos a hora de analisar FTF e a sexta temporada... estamos só tomando um fôlego depois dessa maratona de crônicas...
Bjs!

Josilene disse...

Obg, Anon1!

E calma, Anon2! Creio que ainda essa semana teremos ep novo aqui. Obg por nos acompanhar! :D

Beijos!